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CRIANDO MEU FILHO EM FRANCÊS NO BRASIL

  • Foto do escritor: Jonathan Wasato
    Jonathan Wasato
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jul.


Jojo
Jojo

Viver no Brasil como estrangeiro já traz seus próprios desafios. Mas criar um filho aqui, longe das minhas raízes, com o desejo profundo de transmitir não só o meu afeto, mas também as minhas línguas nativas — o francês e o lingala —, foi (e continua sendo) uma missão muito especial.

Moro no Rio de Janeiro, essa cidade vibrante e ensolarada, onde meu filho nasceu. Desde o início, eu sabia que o maior presente que eu poderia oferecer a ele seria o acesso à minha cultura, minha história, e meu idioma. Mas confesso: eu tive medo.

O medo veio quando percebi que a maioria das crianças congolenses nascidas no Brasil não falava nem francês nem lingala. Isso me chocou. Fui ainda mais impactado quando vi de perto o caso da filha de uma amiga congolense: antes de completar dois anos, essa menina falava um pouco de francês e lingala com a mãe. Mas depois de começar a creche, perdeu quase tudo em apenas três meses. Isso me alertou profundamente: se eu quisesse que meu filho falasse minhas línguas, teria que agir com estratégia e persistência.

Foi então que tomei uma decisão: comecei a falar com ele em francês ainda dentro da barriga da mãe. Ele ouvia músicas infantis em francês e também em lingala. Logo depois do nascimento, conversei com minha companheira e expliquei que, no começo, o foco seria no francês — o lingala viria um pouco depois.Como alguém que cresceu no Congo, sei que essas duas línguas convivem naturalmente no cotidiano congolês. Elas podem caminhar juntas, mas o francês seria a base inicial.

Esse desejo também vinha do meu coração de irmão e primo. Venho de uma família numerosa e muito unida. Cresci rodeado de primos e queria que meu filho pudesse, um dia, se comunicar com os seus primos congoleses, em francês, como se sempre tivesse estado com eles.

Os três primeiros anos foram uma verdadeira mágica.Seus primeiros sons e palavras foram em francês. Em casa, a dinâmica era clara: eu falava francês, minha esposa falava português.Como ele nasceu no período da pandemia, o isolamento nos ajudou de certa forma: havia menos influência externa e o francês teve tempo de criar raízes sólidas. Aos 3 anos, eu diria que 70% do vocabulário do Jojo era em francês e 30% em português.

Mas então veio a escola.O choque foi grande.

Quando ele começou a frequentar a escola infantil, me dei conta de que eu era praticamente a única pessoa com quem ele falava francês. Era uma batalha desigual. Em poucas semanas, o francês dele caiu para talvez 20% do vocabulário.Foi como ver uma plantinha que eu cuidei com tanto carinho começar a murchar diante dos meus olhos.

Mas não desisti.Hoje, o equilíbrio voltou, ainda que com esforço. Precisei aplicar métodos, estratégias e muita criatividade para reforçar o francês em casa e manter o interesse vivo. A semente estava ali — eu só precisava regá-la com mais constância.

E o lingala?Ele já aparece nas músicas, nos jogos, nos momentos em família. A juxtaposição virá naturalmente, mas de forma intencional, passo a passo.

Essa jornada tem sido cheia de descobertas, desafios e recompensas.E esse artigo é só o começo.Nos próximos textos, quero compartilhar com você as estratégias que usei (e ainda uso) para manter o francês vivo em casa, como adaptei os momentos do dia a dia, os recursos que funcionaram (e os que não funcionaram) — e como o lingala vai entrando aos poucos nessa bela aventura familiar.


Merci

 
 
 

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